quinta-feira, 28 de abril de 2016

O poder da lingerie

Muito Interessante essa matéria 

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Peças da coleção Jesus Fernandes, na loja Viva Lingerie
O poder da lingerie
Preta ou branca, de lacinho ou renda, ousada ou romântica, estampada ou transparente, confortável ou sensual. A lingerie se desenvolveu e evoluiu com as mulheres, e hoje é uma indústria milionária que não parece estar nem perto de deixar de encantar mulheres e homens com suas novidades e modelos surpreendentes. Várias peças e acessórios compõem o que chamamos de lingerie, conhecidas antigamente como roupas de baixo. São calcinhas, sutiãs, cintas-liga, espartilhos e alguns outros componentes, ferramentas fundamentais da sedução feminina. Que mulher nunca recorreu a esse artifício para uma ocasião especial? Mais do que isso, é um cuidado que remete ao amor próprio e sempre faz bem para o ego.
A moda íntima ganha cada vez mais um cunho fashion e integra a composição de looks do cotidiano, como sutiãs com alças diferenciadas e cores exuberantes, calcinhas redutoras de medidas e outras infinidades que surgem com as tendências da moda. As peças podem dar uma mãozinha à natureza, mostrar o que é bonito e esconder o que não é tão bom assim.
A calcinha apareceu pela primeira vez em 1800, enquanto o sutiã foi patenteado só em 1915. A evolução dessa indústria foi acompanhada pelas mudanças culturais e as exigências de uma nova mulher que foi surgindo. A evolução tecnológica possibilitou a utilização de novos materiais que tornaram esses elementos mais confortáveis e duráveis, duas exigências da vida moderna. O cinema, as revistas e a televisão também ajudaram a criar um clima de sedução e fantasia, despindo musas ao longo das décadas e deixando-as apenas com suas roupas de baixo, cada vez mais bonitas e elaboradas.
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Espartilhos que limitavam os movimentos das mulheres
Foi assim que surgiu
A história da lingerie começa por volta do segundo milênio antes de Cristo. As mulheres usavam um corpete simples que sustentava a base do busto, projetando os seios nus. Essa “moda” era inspirada em uma deusa, ideal feminino da época.
Na Idade Média, as lingeries começaram a serem usadas para disfarçar as formas femininas, “afastando” as mulheres dos pecados da carne. Nessa época surgiam os primeiros espartilhos, que tinham esse nome por serem feitos de esparto, material usado para fabricar armaduras de guerra. O artifício extremamente desconfortável podia quase ser considerado um objeto de tortura devido às dores e esforços gerados por sua utilização.
No século XV, os espartilhos ficaram ainda mais apertados. É nessa época que encontramos o corps piqué, que deixava as mulheres com uma cintura minúscula e seios em forma de cone. As hastes de sustentação em algumas peças chegavam a pesar até um quilo. Os corpetes começaram a chamar atenção de médicos e pessoas mais esclarecidas, que concluíram que o acessório comprimia os órgãos, causando entrelaçamento de costelas e até a morte.
Em 1832, o suíço Jean Werly abriu a primeira fábrica de espartilhos sem costuras. E em 1840, foi lançado um modelo com um sistema de cordões elásticos. Isso permitia que as mulheres pudessem, elas mesmas, vestir e tirar as peças sozinhas. Além do corselete, as roupas íntimas eram compostas por calças que chegavam até os joelhos, cheias de babadinhos. Em 1900, o espartilho começou a se tornar ainda mais flexível. Surgiram designs que formavam uma silhueta mais natural.
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O poder das pin-ups, ícones da década de 50
Em 1914, com o início da Primeira Guerra Mundial, a mulher teve de trabalhar nas fábricas. Isso fez com ela precisasse de calcinhas e sutiãs que lhe permitissem movimentação. Por isso, o espartilho foi substituído pela cinta.
Nos anos 20, as roupas íntimas eram formadas por um conjunto de cintas, saiotes, calcinhas, combinações e espartilhos mais flexíveis. E passaram a ter outras cores além do tradicional branco. Nessa época, as liberadas jovens usavam vestidos mais curtos, com decotes nas costas e braços. Elas não queriam exibir seios opulentos, então usavam sutiãs especiais que achatavam o busto. Em 1930, com a descoberta do náilon, as lingeries tornaram-se mais coloridas e populares.
Já no final dos anos 40 e início de 50, para acompanhar a nova silhueta, a roupa precisava deixar o busto bem delineado e a cintura marcadíssima. Surgiram os sutiãs que deixavam os seios empinados e as cintas que escondiam a barriga e modelavam a cinturinha. Nessa época foram cultuadas as famosas “pin-ups”. No início dos anos 60, a produção passou a ser mais diversa, com vários tipos de modelagens, embora, na maioria, ainda fossem mantidos os sutiãs estruturados.
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Cristiane Fonte Boa, proprietária da loja Viva Lingerie, conta que uma das queixas das clientes é com relação à falta de opção de sutiãs bonitos e modernos para quem tem seios grandes
“Alça de silicone jamais! Nota zero também para calcinhas muito apertadas, que marcam a roupa. Já as calcinhas com corte a laser estão super na moda, assim como as peças que fazem a linha retrô.”
Cristiane Fonte Boa, Proprietária da Viva Lingerie
No final dos anos 70 e início dos 80, a inspiração romântica tomou conta da moda. Cintas-liga, meias 7/8 e corseletes, sem a antiga modelagem claustrofóbica, voltaram à moda. Rendas, laços e tecidos delicados enfeitavam calcinhas e sutiãs.
Dos anos 90 até os dias de hoje, a lingerie, assim como a moda, não segue um único estilo. Modelagens retrô convivem com as calcinhas estilo cueca. Os sutiãs desestruturados dividem as mesmas prateleiras com os modelos de bojo. Tecidos naturais, como o algodão, são vendidos nas mesmas lojas de departamento que os modelos com tecidos tecnológicos.
Negócio próspero
O mercado, bastante promissor, atrai muitos investidores para esse ramo. Apesar de quase sempre escondida, a lingerie se transformou. A infinidade de cores, materiais e estilos elevou a moda underwear a um patamar de prestígio, conquistando consumidoras que chegam a gastar mais em roupas íntimas do que em outros itens do guarda-roupa.
A empresária e administradora Cristiane Fonte Boa foi uma das que apostaram no setor. Proprietária da Viva Lingerie, Cristiane vislumbrou a oportunidade por observar o potencial de crescimento do local escolhido para o empreendimento. “O Jardim Canadá é um bairro em franca expansão e a tendência é que os moradores tenham mais acesso às compras no entorno de suas residências. Vi que não existia quase nenhuma loja desse segmento e resolvi investir”, conta.
O diferencial fica por conta de uma decoração original, fugindo das composições padrões das demais lojas do ramo. A proprietária utilizou artefatos que conversam com elementos da região. “Minha loja tem um estilo rústico, pouco convencional, mas não deixa de ser sofisticada. Acho que é a cara da região, onde as pessoas têm um estilo informal sem deixar de lado a qualidade. É como a extensão de uma sala de visitas”. Além do visual, a aposta em peças exclusivas também é uma preocupação. “Trabalhamos com a grife da Jesus Fernandez, uma estilista argentina que tem lingeries maravilhosas, bem trabalhadas e muito sofisticadas. Somos os únicos representantes da marca em Belo Horizonte”.
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Coleções que valorizam a feminilidade contribuem para o fetiche em torno desse universo
Cristiane observa que as consumidoras, em sua maioria, prezam por um produto de qualidade e principalmente confortável. Elas querem se sentir bonitas, mas não abrem mão da praticidade. “Uma das queixas das clientes é com relação à falta de opção de sutiãs bonitos e modernos para quem tem seios grandes. Observo também que as calcinhas em tamanhos maiores fazem mais sucesso, até mesmo porque ajudam a esconder as imperfeições”, analisa Cristiane, que aponta também os erros que uma mulher nunca deve cometer quando o assunto é moda íntima. “Alça de silicone jamais! Nota zero também para calcinhas muito apertadas, que marcam a roupa. Já as calcinhas com corte a laser estão super na moda, assim como as peças que fazem a linha retrô”.
Todas querem ser Angel
Referência absoluta quando o assunto é lingerie sexy, a Victoria´s Secret teve sua primeira loja inaugurada em 1977, na cidade de São Francisco. Idealizada por um homem que se sentia desconfortável ao comprar peças íntimas para sua mulher em lojas de departamento, a marca foi um sucesso instantâneo. A partir da década de 90, a Victoria´s Secret, nome escolhido em homenagem à rainha Victoria, apostou em catálogos mais ousados, com belas modelos em poses sensuais.
Com o sucesso vieram os desfiles e as “Angels”, super top models que desfilam para marca no The Victoria’s Secret Fashion Show, um super show de moda que acontece todos os anos nos EUA.
É inegável a influência das belas tops de cabelos esvoaçantes e enormes asas ostentando lingeries minúsculas, que encantam espectadores do mundo todo.
Certamente a marca, dona também de famosas fragrâncias e cremes, contribui muito para o fetiche em torno desse universo.
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Gisele Bündchen foi uma das mais famosas Angels da Victoria´s Secret
A lingerie e o fetiche
Os fetiches sempre fi zeram parte da nossa sociedade e são um tempero para incrementar a libido e o prazer sexual. Quando falamos em fetiche, o que nos vem à mente são principalmente lingeries ousadas, mais especificamente espartilhos, cintas-liga, meias e botas com saltos exageradamente altos. Tanto que a indústria do entretenimento investe em personagens de cunho fetichista que povoam o imaginário masculino. A escritora e apresentadora Fernanda Young surpreendeu a todos com um ensaio nu inspirado no tema. Ela usou e abusou dos espartilhos, símbolo clássico quando o assunto é fetiche. Assim como Fernanda em seu ensaio, muitas mulheres têm investido nos famosos corsets, um resgate da moda íntima do início do século. Esse visual clássico e super feminino prima por algo que nunca deixou de ser desejado por mulheres do mundo todo: uma cinturinha fina de pilão.
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Sensualidade e sofisticação são fundamentais nas peças de Jesus Fernandes
Depois de anos no ostracismo, o acessório voltou com tudo integrando as composições do dia a dia, sendo forte a tendência de seu uso em sobreposições, tanto ele por cima de uma blusa como por baixo de um blazer. Além de serem bonitos, corsets ou espartilhos usados com frequência ajudam a diminuir a cintura, melhorar a postura e levantar os seios. Mas os cuidados para evitar danos à saúde constatados no passado devem continuar sendo tomados.
A pressão causada pelo espartilho pode mudar os órgãos de lugar, afetar a circulação e modificar a dinâmica da respiração. Portanto, recomenda-se que o uso seja acompanhado por um médico e que o acessório seja feito sob medida. É recomendado também o fortalecimento abdominal e lombar com exercícios físicos antes de começar a ser utilizado para essa finalidade. Por fim, desaconselha-se o uso por adolescentes.

Fonte da história da lingerie: www.manequim.abril.com.br
e www.novalimaperfil.com.br/
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Fernanda Young brincou com fetiches em seu ensaio para a revista Playboy

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